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Una gaviota jugando con el viento

«Vencer-te-ei de madrugada» – Rogerio Barroso

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RBB - escritor - de charuto - com nome

 

 

 

 

Vencer-te-ei de madrugada

em 20 de Abril de 2003, no escritório de Faro, após este interregno ditado pela agressão capitalista à Mesopotâmia,… a pátria mais antiga do Mundo Moderno.

 

 

… e podes desembarcar no cobarde esconderijo da noite por sob os céus da minha terra

e eu descobrirei a alvura do meu peito, e vencer-te-ei quando chegarem os raios da aurora…

 

… e podes trazer os teus bojudos aviões soberbamente carregados de bombas e mísseis

e eu olhar-te-ei calmamente do solo onde não consegues ver as faces dos que assassinas…

 

… e podes mandar os teus polícias cães de fila carregar sobre as multidões indefesas

e eu dar-te-ei firmemente as cruéis recordações de Bobby Sands na Irlanda…

 

… e podes carregar contigo os assaltantes, os corruptos, os mentirosos e os escroques

e eu denunciarei as vestimentas a que chamas democracia nos seus corpos emporcalhados…

 

… e podes encher os palácios que sofregamente assaltaste com vice-reis imbecis e idiotas

e eu lembrar-te-ei a História de duzentos anos das tuas brutalidades insanas e cruéis…

 

… e podes atacar com os teus exércitos de infelizes embrutecidos pela tua lenga-lenga fascista

e eu mandar-te-ei bajular com as vitórias que apregoaste nas guerras que nunca venceste…

 

… e podes trazer as tuas granadas de urânio e as tuas bombas de deflagração retardada

e eu presentear-te-ei com as cabeças que esfolaste, e os braços que arrancaste no Vietname…

 

… e podes organizar uma manada inteira de economistas, padres e advogados amansados

e eu mostrar-te-ei as mãos calejadas daqueles que têm de reconstruir o que a tu arrasas…

 

… e podes matar à sede e à fome as populações de todos os desertos que a tua gula deseja

e eu dar-te-ei lembranças dos teus embargos ao Japão, a Cuba, à Coreia, ao Irão, ao Iraque…

 

… e podes vender os teus tanques e os teus aviões assassinos aos teus amigos assassinos

e eu lembrar-vos-ei de todos os territórios que tiveram que abandonar no século passado…

 

… e podes inventar ou espalhar todas as pragas, o sida, o cancro, o escorbuto, a pneumonia

e eu ensinarei os povos a purgarem-se das tuas peçonhentas e escabrosas artes e manhas…

 

… e podes gabar-te ufanosamente da tua valentia táctica e da tua superioridade estratégica

e eu farei soprar os ventos do sul nas areias finas das noites gélidas do deserto suão…

 

… e podes vir com o imenso chorrilho das luzes e das cores diabólicas das tuas explosões

e eu agachar-me-ei entre os escombros da tua galopante e voraz fome de destruição…

 

… e podes beber todo o petróleo jorrante dos desertos até ficares bêbado e sulfuretado

e eu embalarei as danças e os cantares que acompanharão o desfile imenso do teu funeral…

 

… e podes, finalmente, saltar sobre as fogueiras que ateaste, chamando deuses e belzebus

e eu ficarei neste terreno, quieto e vigilante, e vencer-te-ei ao chegarem os raios da aurora…

 

 

 

Written by RB Estudos, SA

2 de Outubro de 2015 às 10:22

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